Parte IX - Bruno M. Franco
Gonçalo segurava as mãos trémulas de
Vitória enquanto, pávido e aparentemente sereno, digeria as últimas palavras da
sua esposa.
— Tu… nunca me amaste? Nunca? —
afrouxou o aperto e Vitória soltou-se. — Nem mesmo naquela viagem a Paris? Eu
sei que estávamos os dois a cumprir as nossas missões, mas eu tenho a certeza
que ali, naquele dia, amávamo-nos. Teremos sempre Paris, meu amor.
— Os meus amigos e a minha família
bem que me tentaram convencer de que tu eras um homem único; um homem que
qualquer mulher desejaria ter. Que és único, disso não há dúvida nenhuma. —
Gonçalo sorriu, até ela ter completado o pensamento: — A única merda que me
estragou a vida!
— Estás a delirar, só pode. Deve ser
do soporífero que te demos quando te trouxemos para cá.
— Não estou, não. Tu és convencido,
manipulador e egocêntrico. Que mulher haveria de querer um homem assim? Nem que
fosses o último homem à face da terra e a espécie humana dependesse de nós os
dois eu iria querer ficar contigo.
— Eu faria qualquer coisa por ti,
Vitória. Aliás, estou a propor-te uma fuga para um sítio onde ninguém nos
encontre. Mudamos de identidade e começamos uma vida nova. Vai ser bom para os
dois. Para tu clareares essas ideias que estão muito confusas, pelos vistos.
Nem pareces tu a falar.
Vitória continuava a matutar sobre
uma forma de escapar, de fugir das garras daquele homem que se casara com ela
contra a sua vontade. Quanto teria pago para conseguir tal feito? Teria
subornado o padre e o funcionário da conservatória, certamente. Era horrível só
de pensar.
— Eu sei que quero muito mudar de
ares, mas não me referia a isso. Quero mudar de casa, mas quero continuar aqui,
no nosso país. Eu tenho uma família que se preocupa comigo e que eu amo,
sabias? Não posso simplesmente deixar tudo para trás.
Gonçalo levantou-se, alisou o seu
fato de casamento e parecia ter a intenção de sair, deixando-a sozinha. Não
sabia se isso seria melhor ou pior para ela.
— Onde vais?
— Vou dar-te algum tempo para que
reflitas bem naquilo que queres. Tenho a certeza de que vais chegar lá.
— Se fazes tudo por mim, como tu
disseste ainda agora, então diz-me o que realmente está no pacote. E não venhas
com merdas de que isso não interessa, que o pacote era eu e não sei mais o quê.
Isso são tretas manipuladoras.
Gonçalo sorriu e abanou a cabeça.
Parecia divertido com a curiosidade de Vitória.
— Sabes, não é por acaso que existe a
expressão “a ignorância é uma bênção”.
Vitória não sabia o que fazer mais.
Estava naquela embarcação, presa e vestida de noiva para um casamento do qual
não se recordava, com uma aliança que não se lembrava de ter colocado e estava
à mercê de Gonçalo, por quem ela julgara estar apaixonada um ano antes, aquando
do famoso pedido de casamento. Por muito que isso a irritasse, o certo é que
realmente amara aquele homem. Vivera experiências tão boas com ele, fora tão
bom.
Agora, encetara a jogada de o
contrariar, de dizer que nunca o amara e que o odiava. Era tudo mentira, mas a
intenção final desta estratégia era irritar Gonçalo de tal forma que ele expusesse
tudo o que ela queria saber. Mas não estava a resultar. Ele parecia ter a
certeza de que ela estava a mentir e não lhe passava cartão e ela continuava
ali, isolada do mundo, sem perspetivas de se salvar. Se calhar, devia mudar a
estratégia. Tinha de pensar bem nos seus movimentos, pois estes podiam ser a
diferença entre a vida e a morte.
A verdade é que ninguém sabia o que
fora ela fazer quando saíra da esquadra antes do almoço naquele dia. Ninguém
poderia imaginar que fora ao porto aguardar pelo barco de proa amarela para
saber no que é que se tinha metido previamente. E muito menos que ela entrara
nesse barco à socapa e que fora apanhada e transferida para outra embarcação.
Estava sozinha. Estava perdida. Não
tinha ninguém que a pudesse ajudar ou em quem confiar. Só se safaria através de
Gonçalo. Mas, para isso, teria de o convencer de que ela estava do lado dele.
De que ela estava… apaixonada por ele.
Apetecia-lhe bater em alguém. Claro
que não seria difícil fingir estar apaixonada por ele, porque já o estivera
antes, mas não queria repetir a façanha. E se ela se apaixonasse novamente por
ele? O que faria? A separação doera tanto, não queria passar pelo mesmo.
— Como queres que confie e acredite
em ti se me estás sempre a enganar e a mentir? Assim nunca me terás, nunca
serei tua…
Vitória virou o rosto para longe,
fazendo figas para que ele caísse na sua nova ratoeira.
— Se eu te contar tudo o que sei…
foges comigo? Para o estrangeiro? Para sermos felizes para sempre? É só isso
que quero.
Era agora ou nunca. O tudo ou nada.
— Sim. Conta-me tudo e fugimos para
onde quiseres.
*
Vitória acabara de assinar um
contrato que não fazia tenções de cumprir. Podia sair-lhe caro, mas esta jogada
podia ajudá-la de duas formas: ficaria a saber de tudo e, se ele acreditasse
que ela queria realmente fugir com ele, teria de a levar para terra, a fim de
viajarem de carro ou até de avião. E aí teria uma hipótese de lhe escapar.
Gonçalo, com um sorriso tolo
estampado na face, sentou-se na cadeira ao lado dela e voltou a segurar as suas
mãos. Num tom suave e bastante sério, começou a explicar tudo.
Como era
conhecimento geral, havia dois principais candidatos à presidência da
República, cujas eleições seriam no final daquele ano. Há três anos, quando
começaram os rumores dos possíveis candidatos, destacaram-se imediatamente
dois: Amílcar dos Santos, atual presidente de um dos maiores partidos políticos
do país, e Benjamim Vasconcelos, que era apoiado pelo outro maior partido
político português, rival do de Amílcar.
Foi
precisamente nessa altura que Gonçalo fora contactado por um elemento do
partido que apoiava Benjamim Vasconcelos e que o incumbira de uma missão.
A missão de Gonçalo consistira em
infiltrar-se em casa de Amílcar e roubar dados no computador pessoal do
candidato. Se o computador não lhe estivesse acessível, havia uma alternativa:
existia uma pasta que continha um caderno e alguns anexos como fotografias e alguns
CD. Essa pasta continha informação muito sensível e chocante e que deitaria por
terra a campanha de Amílcar, deixando Benjamim como o único favorito à vitória.
—
Ocorreu, então, aquele episódio que te contei: fomos tentar assaltar a casa do
Amílcar dos Santos, mas a coisa não correu como esperávamos e não só morreu um
dos meus, como matámos a filha mais velha dele. Pelos vistos, o Amílcar
desconfiou de alguma coisa e reforçou a segurança a partir desse dia.
Depois
desse evento, a cabeça de Gonçalo ficara a prémio e ele decidira desaparecer, ficar
fora do radar, até que conheceu Vitória e se envolveu com ela, deitando tudo a
perder pelo amor.
— É
aqui que entra o teu lado da história, querida mulher. Não queres contribuir
para termos o jogo completo no tabuleiro? Neste jogo de xadrez ainda só estão
as minhas peças. Faltam as tuas.
— Eu
não sei muita coisa.
— Diz
o que sabes.
Vitória
inspirou fundo, reorganizando as ideias, enquanto considerava o seu estratagema
de jogo duplo perante o marido.
— A
minha chefe, Isabela, que tinha acabado de montar a nossa “Unidade Especial Contra
o Crime Organizado”, incumbiu-me da primeira missão, que parecia simples.
Conhecer e seduzir um determinado homem para sacar informações sensíveis que
ele pudesse ter. Não fazia ideia que informações teria de sacar, mas Isabela
dera-me a dica de que podia envolver o destino do nosso país. Deduzo que
estivesse a falar desses candidatos políticos.
—
Exato. E suponho que esse homem fosse eu. Certo?
—
Certíssimo. Durante um ano, saímos juntos, tivemos vários encontros amorosos e
eu percebi que te estava a conseguir seduzir. Estava a cumprir bem a minha
missão. Só faltava a parte principal: sacar-te informações.
—
Coisa que não conseguiste.
—
Não. Fiquei tão desiludida porque tinha investido um ano da minha vida em ti e
nada. Quando me pediste em casamento, percebi que era uma grande oportunidade
para conseguir cumprir a missão, porque teria acesso privilegiado às tuas
coisas, mas não consegui.
Não
porque não podia casar-me com um homem que amava, mas sim porque o estava a
enganar, pensou.
— Não
conseguiste porquê? Poderias terminar a tua missão à vontade. E fazias-me muito
feliz, apesar de ter sido descoberto nesse dia e de ter sido pelo melhor termos
acabado ali.
Ele
está à espera de que eu diga algo como: “porque não queria começar um casamento
com base numa mentira”, e que como o amava muito tinha de começar de novo. Se
me quero safar desta, vou ter de embelezar a verdade, torná-la ainda mais
apetecível para o Gonçalo. Tenho de exagerar um pouco o poder que ele tem sobre
mim. O diabo estava nos pormenores.
— Não
o consegui fazer porque desenvolvi sentimentos por ti nesse período e nunca
viveria bem comigo mesma se nos casássemos por causa de uma mentira. Queria ter
algo verdadeiro contigo. Algo genuíno.
Completou
a resposta com o olhar mais sofredor que conseguiu, mostrando que fora uma mágoa
enorme dizer o não e que se arrependia disso todos os dias.
Funcionou.
A forma como um sorriso rasgado surgiu no rosto de Gonçalo aliviou o seu
coração. Estava a conseguir enganá-lo. Parcialmente.
—
Suponho, então, que terá sido o Amílcar dos Santos a contactar Isabela para
usar um dos seus agentes a fim de descobrir se eu sabia de alguma coisa sobre as
informações que estão nessa pasta comprometedora.
—
Disso já não tenho certezas, mas é bastante provável.
Gonçalo
ficou pensativo.
—
Então como é que a tua chefe conseguiu o meu contacto?
—
Como assim?
Ele
levantou-se e caminhou de um lado para o outro, a mão a acariciar o queixo, as
sobrancelhas semicerradas.
—
Isabela contactou-me há umas semanas com vista a entregar-me esse pacote. Foi
aí que eu vi uma oportunidade de te voltar a ter e, quando ela me perguntou
qual a melhor forma de me fazer chegar a pasta, eu sugeri que ela enviasse a
melhor e mais discreta agente que tivesse na sua equipa e o entregasse àquela
hora, naquele barco, como tu fizeste depois.
— Tu
sabias que ela me ia enviar para o fazer?
— Não
tinha dúvidas. A minha questão é: como conseguiu a tua chefe ficar com a posse
dessa pasta comprometedora? Quem a conseguiu roubar efetivamente?
—
Então ainda não sabes o que contém o pacote? Que lista é essa de que todos
falam?
Absorto
nos seus pensamentos e nas suas conjeturas, ele nem a ouviu. Ao fim de alguns
segundos, apercebendo-se do silêncio e do olhar fixo de Vitória, murmurou um “hum?”,
ao que ela repetiu a pergunta com um toque de impaciência.
—
Não. Ainda não vi.
— Não
tens curiosidade? Tens o pacote mesmo aqui. Não queres ver comigo? Será uma
atividade de casal bem interessante, não achas?
— A
minha intenção é vender esse pacote a quem der mais por ele. Nem quero saber o
que contém. Estou a pensar numa base de licitações de cinco milhões de euros.
Que te parece? Ficaríamos com dinheiro mais que suficiente para viver bem o
resto das nossas vidas, não precisaríamos de trabalhar nem de fazer nada.
Viajaríamos pelo mundo inteiro, iríamos conhecer cada continente, cada país que
existe. — O rosto atraente de Gonçalo mostrava uma felicidade tão honesta, tão
grande, que qualquer mulher se sentiria tentada em aceitar só para poder sentir
o mesmo. — Teríamos a vida toda para o fazer. Consegues imaginar o quão
fantástico isso poderá ser?
Por
muito que lhe custasse admitir, fazer uma viagem à volta do mundo durante anos
a fio era algo muito tentador e que ela adoraria fazer, de forma hipotética.
Era um sonho que tinha desde criança e ele sabia-o. Estava a fazer de tudo para
que ela se interessasse pelos seus planos e fosse de boa vontade com ele.
O
pior, percebia Vitória, era que estava a conseguir. Mas ela não se deixaria
iludir. Não podia. Ele era um criminoso.
Ou não era? Vendo bem, o que fizera
ele de mal? De ilegal? Raptou-a, mas de resto não havia mais nada. E fizera-o
porque a amava. Porque a desejava mais do que qualquer coisa no mundo. E esse
sentimento era viciante. Qual era a pessoa que não gostava de se sentir
desejada?
— É
uma ideia extraordinária — concordou. — Mas vais vender a quem?
—
Ora, a quem? Vou vender ao Amílcar dos Santos e ao Benjamim Vasconcelos. Na
prática, estarei a vender o acesso à presidência da República. Quanto valerá
para eles consegui-lo? Veremos.
Era
um plano extraordinário, Vitória tinha de admitir. Mas precisava de se focar no
que lhe interessava de momento.
—
Isso é brilhante — elogiou. — Se calhar até consegues mais do que cinco milhões
de euros e depois basta transferir o dinheiro para uma conta offshore e
está feito. Vida boa até morrer!
Gonçalo
ficou animado com o entusiasmo de Vitória, que continuava a dizer para si
própria que era tudo falso, que era tudo fingimento para ganhar novamente a
confiança dele para conseguir escapar no momento certo.
Gonçalo
aproximou-se dela, todo sorridente, com os seus dentes perfeitamente alinhados
e brancos. Vitória susteve a respiração. Os seus rostos ficaram perto um do
outro, mas foram as mãos dele que agiram. Sentiu o toque suave na sua pele do
rosto, a forma delicada como afastou uma madeixa do cabelo de Vitória. Então,
voltou a erguer-se, convidando-a a ir com ele.
—
Vamos lá ver o que está na porcaria daquele pacote que nos dará uma vida
desafogada para sempre.
Entusiasmada
por finalmente poder matar a curiosidade que a consumia há dias, levantou-se e
caminhou livremente atrás do seu marido através de um corredor forrado a
madeira e muito estreito. Entraram noutra divisão, que deveria ser o quarto
privado dele. Tinha uma cama, mobília e uma escrivaninha. Por cima do tampo de
madeira escura encontrava-se o pacote embrulhado em papel pardo que continha
uma pasta e que Vitória tão bem conhecia, ou não tivesse estado com ele mais de
quarenta e oito horas.
Gonçalo
deu as honras a Vitória, que não se fez de rogada e rasgou o papel do embrulho
em segundos, sedenta por informações. Como ele havia relatado, tinha nas mãos
uma pasta transparente que continha um caderno de capa dura preta, dois CD e
várias fotografias presas com um clipe.
Abriram
a pasta e espalharam as fotografias pelo tampo, enquanto abriam o caderno e
viam a famosa lista pela qual dois políticos de peso dariam tudo para a terem
em sua posse.
Leram,
sôfregos. Ao perceberem do que se tratava, ficaram boquiabertos. Aquelas
informações valeriam bem mais que os cinco milhões. O triplo, provavelmente.
Vitória ficou a perceber, finalmente,
por que razão Isabela lhe dissera que a entrega do pacote era uma missão de
cariz internacional. Não eram só de residentes nacionais os nomes que ali
estavam. Eram também estrangeiros. Muitos.
Durante
largos minutos, leram as várias páginas do caderno, estupefactos com o que era
indicado em cada nome. Ainda mais de queixo caído ficaram quando viram as
fotografias e só podiam imaginar o que se encontrava nos CD.
— É
uma loucura. Meu Deus…
Não
conseguiam dizer nada, tal era a estupefação que os deixava sem reação.
Mas,
dentro de momentos, iriam precisar de reagir. O marinheiro da voz rouca entrou
no quarto com um ar sobressaltado, chamando a atenção de ambos para si.
—
Chefe, temos um problema.
— O
que se passa?
—
Temos companhia.
*
Gonçalo
e o marinheiro de voz rouca precipitaram-se para a zona de controlo da
embarcação. Vitória ficou para trás. Arrumou tudo na pasta e colocou-a dentro
do vestido, bem acomodado e escondido junto ao abdómen. Subiu atrás deles e
rapidamente percebeu o que se passava.
O
radar da embarcação tinha detetado presença nas redondezas. Pelos vistos, a
embarcação desconhecida estava a ir numa linha reta em direção a eles. Seria a polícia
marítima? Gonçalo ordenou que saíssem dali rapidamente, de preferência para o
próximo porto. Iriam fugir por terra. Tinham de ir a todo o vapor.
Vitória
sentiu-se uma rebelde por fazer parte daquele grupo que fugia à polícia.
—
Algum colega teu sabe o que foste fazer?
—
Não. Não contei a ninguém. — E isso consome-me por dentro. Sinto que traí os
meus colegas, principalmente o Pedro. Traí-os e o crime ocorreu na esquadra,
quando aceitei a missão de Isabela sabendo que teria de mentir a todos. — Não
era suposto ter entrado para o teu barco amarelo, mas pronto. — Sorriu o melhor
que pôde. — Ainda bem que o fiz.
Gonçalo
puxou-a para si e encostou os seus lábios aos dela. Vitória foi apanhada de surpresa
e não se moveu inicialmente, para depois relaxar e deixar-se envolver por
aqueles lábios e aqueles braços que a apertavam contra o corpo rijo dele. A
verdade é que tinha saudades de se sentir assim tão desejada. Não se recordava
como era, desde há um ano para cá. Gonçalo sentiu a pasta entre eles, e ela
assegurou-lhe que era uma ótima forma de nunca a perderem. Era o passaporte de
ambos para uma vida feliz em conjunto.
Meia
hora depois, atracaram e todos os tripulantes desapareceram como fumo dissipado
por uma ventania. Incluindo Gonçalo e Vitória, que apanharam um táxi rumo ao
aeroporto mais próximo. Iam voar para o estrangeiro e, a partir de lá, fariam o
leilão da pasta para arrecadarem o dinheiro que lhes traria a tão desejada independência.
A
meio do caminho, Vitória notou que não poderia entrar no aeroporto assim
vestida de noiva. Iria atrair todas as atenções, principalmente as indesejadas.
Eles tinham de passar despercebidos. E teria de ser ele a comprar as roupas
porque se entrasse numa loja de roupa assim vestida, seria a mesma situação. A polícia
encontrá-los-ia facilmente.
Gonçalo
concordou e acedeu aos seus pedidos de moda. O táxi encostou ao pé de uma loja
barata de pronto a vestir, que estava prestes a fechar dado o adiantar da noite,
e o seu marido saiu rapidamente, procurando com celeridade as roupas
mencionadas por Vitória.
Ela
sabia que dispunha de cinco minutos a sós. Complicara um pouco na parte dos
sapatos para o atrasar. Olhou para o taxista. Olhou para Gonçalo, atarefado na
loja.
Estava
na hora de tomar uma decisão.
Ela
começava a achar que poderia realmente ser feliz com Gonçalo. Ele era
manipulador e egocêntrico, mas só o era longe dela. Tendo-a ao seu lado, ele
faria tudo por ela. Ele seria carinhoso, atencioso, dar-lhe-ia tudo o que
pudesse com o dinheiro que fariam com a venda da pasta.
Mas e
a sua vida? O seu trabalho? O seu colega Pedro? A sua família?
Não
os podia deixar. De maneira nenhuma. Por muito feliz que pudesse vir a ser com
Gonçalo a viajar pelo mundo e a viver do bom e do melhor, não podia virar as
costas à sua vida. Até a espelunca onde vivia parecia-lhe, agora, muito
aconchegante e ótima para se viver. Uma casa de sonho. Quase.
Voltou
a olhar para o taxista. Já tinha perdido metade do tempo.
—
Desculpe, pode emprestar-me o seu telemóvel? Preciso de fazer uma chamada
urgente. Só demora um minuto.
O
taxista assentiu e entregou-lhe o seu telemóvel. Vitória digitou facilmente o
número de Pedro. A noite já ia longa, mas estaria certamente acordado. Tendo em
conta que ela estava desaparecida, acreditava que Pedro estivesse preocupado à
sua procura. Apesar de o ter traído, ter traído todos os seus colegas, por ter aceitado
aquela missão sem a partilhar com mais ninguém, mentindo e escondendo a verdade
como não gostava de fazer. Sentia-se uma traidora. Mas, em breve, Pedro e os
restantes colegas compreenderiam tudo.
Olhou
uma última vez para Gonçalo, que já tinha a roupa toda que ela lhe pedira e
dirigia-se para a caixa de pagamento. Era agora ou nunca.
Merda!
Carregou
no botão verde do ecrã tátil e aguardou. Atenderam ao fim de dois toques.
Vitória explicou tudo o mais rapidamente que conseguiu, desligou e devolveu o
telemóvel ao taxista.
Quando
Gonçalo voltou a entrar no táxi, Vitória sorriu o melhor que conseguiu e
beijou-o apaixonadamente.
Seria
o último beijo que lhe daria.
*
Os
transeuntes do aeroporto que se encontravam no exterior do mesmo, prestes a
entrar ou acabados de sair e à procura do seu transporte, testemunharam um
episódio que nunca mais esqueceriam e que relatariam em todas as futuras reuniões
familiares e de amigos.
Um
táxi, igual a qualquer outro, tinha estacionado em frente ao aeroporto, na área
destinada a esse efeito, mas no momento em que o travão de mão foi puxado, uma
equipa de polícias fardados a rigor cercou o veículo, de armas em riste.
Gritaram ordens e mexeram-se com vigor. O taxista saiu de mãos no ar e foi
afastado rapidamente da cena. Dos lugares traseiros, uma mulher vestida de
noiva saiu também de mãos a abanar e foi afastada pelos polícias, indo parar ao
pé de um agente que acompanhava a ação de perto. Lia-se “Pedro” na sua
identificação ao peito. Então, um homem saiu a seguir a essa mulher, também ele
rendido e contrafeito. Foi imediatamente detido e levado numa carrinha desses
polícias.
O
episódio demorara apenas dois minutos, mas ficaria registado para toda a vida
pelas testemunhas do evento. Afinal, um criminoso tinha acabado de ser apanhado
em frente a eles todos.
*
—
Perdi alguma coisa? — perguntou Pedro, esticando o queixo para o vestido de
noiva de Vitória, que o abanou um pouco para o mostrar ao colega. — Estiveste
desaparecida um dia, não foi? Não caíste noutra dimensão espácio-temporal em
que para ti passou vários anos, certo?
Vitória
riu-se com sinceridade pela primeira vez. Abraçou-se ao colega e agradeceu por
não ter desistido de a procurar.
—
Nunca iria desistir. Depois quem é que me aturava?
— Lá
isso é verdade. Se não for eu, não tens sorte nenhuma.
Regressaram
à esquadra e Vitória, ainda vestida de noiva, pediu para ver Isabela. Ela
voltara para a esquadra depois do telefonema da sua agente e aguardava por ela,
com aquela postura típica de quem detinha o poder.
Vitória
sentou-se do outro lado da secretária, como tantas vezes fizera, mas agora era
diferente. Agora era ela quem tinha vantagem sobre a chefe. Após os
cumprimentos iniciais, Vitória retirou a pasta do seu vestido e colocou-a sobre
a mesa.
Isabela
ficou de rosto lívido ao perceber o que estava ali.
—
Como…?
Vitória
explicou, então, tudo o que descobrira até então. Isabela ouviu, assentindo com
regularidade, até que ela terminou o relato e a chefe se preparou para
esclarecer os pontos em falta e que foram levantados por Gonçalo.
Com
alguma mágoa na voz, Isabela explicou que, como Vitória pôde constatar, ela
fazia parte dessa lista. Na parte das vítimas, claro está.
Naquela
lista estavam vidas, muitas vidas.
Incluindo
a vida da sua chefe.
Amílcar
dos Santos contactara-a, há três anos, para que ela enviasse algum agente a fim
de descobrir se uma determinada pessoa tinha informações sensíveis sobre si que
pudessem arruinar a sua futura campanha a presidente da República. Tendo em
conta que essa pessoa a ser espiada era um homem jovem, Isabela achou por bem
enviar Vitória na missão de o seduzir e descobrir tais informações. Portanto, a
missão de Vitória era usar Gonçalo como peão no seu plano para descobrir
informações. No entanto, como a missão falhara, Isabela acabou por se ver
obrigada a agir pelas suas próprias mãos.
Ao descobrir que Benjamim Vasconcelos
estava ligado a Gonçalo, contactou-o secretamente e descobriu a existência da
maldita pasta com informações comprometedoras.
Fora Isabela quem conseguira, por
fim, roubar a pasta em casa de Amílcar dos Santos e quem contactara novamente o
opositor político, Benjamim Vasconcelos, para lhe entregar aquelas provas
horríveis. Por sua vez, fora Benjamim que dera o contacto de Gonçalo, para que
Isabela lhe fizesse chegar a pasta através dele. Não queria ligações óbvias que
o pudessem tramar no futuro.
Ficava, assim, toda a história
explicada. Tal como Vitória gostava. Sem pontas soltas. No entanto, Vitória
estava horrorizada pelo que a chefe tivera de fazer.
— Mas, isso significa que a Isabela
teve de se sacrificar. Teve de… Tendo em conta o que esta lista refere…
Isabela começou a chorar. A agente
precisou de um momento para compreender o que estava a ver. A sua chefe era um
rochedo. Ninguém se metia com ela, ninguém tinha essa coragem. Vê-la, assim,
desprotegida, deixou-a boquiaberta. Então, Vitória levantou-se, contornou a
secretária e abraçou a chefe. Sentia tanta pena pelo que ela tivera de passar.
A lista que envolvia tantas vidas,
tinha vidas inocentes e criminosas. Nacionais e estrangeiras. Essa lista
continha os dados de todas as mulheres que foram subornadas e chantageadas das
mais diversas formas para satisfazerem vários homens poderosos e que, em
contrapartida, financiariam a campanha de Amílcar e usariam o seu poder para
convencer o eleitorado a votar nele.
A grande questão era que essas
mulheres não eram prostitutas. Não. Pelos vistos, o que os excitava era fornicarem
com mulheres comprometidas; mulheres que não queriam de maneira alguma fazer
parte daquilo, mas que se sujeitavam a fazer vídeos pornográficos e fotografias
para que aqueles homens nojentos tivessem uma experiência satisfatória e
completa, com souvenir incluído.
Isabela fora uma dessas mulheres.
Para ela ter a autonomia e liberdade
de montar a sua equipa da Unidade Especial de Combate ao Crime Organizado, teve
de fazer aquele favor. No entanto, foi ao sair da casa de Amílcar nessa noite
horrível, que ela roubou a famosa pasta que incriminava vários homens de poder,
onde se incluía o próprio candidato Amílcar dos Santos. A vida do político iria
chegar ao fim, bem como a de tantos outros homens. Roubara a pasta como
vingança por ter sido chantageada e desencadeara todos aqueles acontecimentos.
— E agora? — questionou Vitória,
ainda aturdida com o que acabava de saber.
— Agora, vamos pegar na merda desta
pasta e entregar tudo à justiça. Já não quero saber de mais nada. Eles que se
matem em tribunal. Vão para o inferno! Estou farta disto.
Vitória assentiu, deu um novo abraço
carinhoso à chefe e trocaram agradecimentos e despedidas. Ver-se-iam no dia
seguinte.
Ao sair do gabinete da chefe, foi
acompanhada por Pedro ao longo do caminho até ao exterior.
— Pelo que vejo, tiveram uma reunião
intensa. Por que razão está a chefe a chorar daquela forma? Nunca a vi assim.
Jesus…
— Amanhã saberás. Todos saberão.
— Não me vais contar?
— Não tenho forças para isso. Preciso
de descansar.
— Engraçado. Não tens forças para
isso, mas tiveste forças para nos enganar.
— Como assim?
— Não te faças de parva, Vitória.
Sabes bem o que fizeste. Por que razão detivemos um taxista comum e inocente,
pensando que se tratava do teu raptor?
— Isso já não é comigo. — Sorriu de
forma matreira. — A minha parte está feita. Tenho de ir descansar. Adeus.
Vitória deixou um estupefacto, mas
ligeiramente divertido e intrigado, Pedro para trás. Agora que estava em
liberdade e sem risco de desaparecer do mapa, parecia ver aquela cidade com
outros olhos. Não parecia tão velha e as pessoas, as poucas que ainda andavam
na rua, não pareciam tão soturnas. A sua porta vermelha parecia alegre e a sua
casa, ao chegar, nunca parecera tão bonitinha e cheia de promessas.
— Estava a ver que nunca mais
chegavas.
Vitória sorriu ao ouvir a voz suave
de Gonçalo, que tinha trocado de lugar com o taxista após o telefonema dela a
Pedro. Ela decidira pôr tudo em pratos limpos quando ele regressara da loja de
roupa e dera-lhe a hipótese de fugir sozinho, já que ela não iria abandonar a
sua vida por ele. Nem por homem algum. Ou isso ou teria de enfrentar a acusação
de rapto e as consequências de ter matado a filha de Amílcar dos Santos.
Ele alinhara no plano e concluíra que
Vitória fizera uma jogada de mestre e que o deixara sem margem de manobra. Por
isso, trocara de lugar com o condutor, para que fosse afastado do local e
pudesse desaparecer sem que ninguém reparasse. Fora genial.
— Para onde vais amanhã de manhã?
— Para longe. Vou conhecer umas
miúdas e divertir-me. Quero esquecer todos estes problemas.
— Fazes bem. Eu também quero esquecer
que me raptaste, sei que não foi com más intenções — disse ao mesmo tempo que encolhia
os ombros. — Vais ver que vais encontrar o teu verdadeiro amor por aí.
Ele aproximou-se dela e ela sentiu o
corpo eletrizar imediatamente. Ele tinha uma capacidade fora do comum de mexer
com o seu âmago.
— Sim, mas até iniciar a procura
desse novo amor, será que posso ter a sorte de uma despedida do meu antigo
amor?
Vitória agarrou-o pelo casaco e
puxou-o para si, beijando-o de forma divertida e sensual. Afinal, o beijo no
táxi não tinha sido o último.
— Creio que posso conceder-te esse
desejo final. Não trará mal ao mundo.
*
Na manhã seguinte, Vitória voltou a
estar sozinha. Saiu de casa para o trabalho envolta numa aura de conquista que
elevava o seu espírito ao ponto de se sentir fisicamente mais leve. Mais
realizada. Sentia-se preparada para ser o foco das atenções nos próximos dias. Que
viessem os curiosos; ela era forte o suficiente para enfrentar quem quer que
fosse. Seria conhecida como a mulher que mandara abaixo um esquema de corrupção
e de favores nunca antes visto no país. Vitória só esperava que os culpados
fossem severamente punidos pelo mal que fizeram a tantas mulheres.
Esses homens e, esperava ela, todos
os outros homens, nunca mais olhariam para o sexo oposto com desdém ou com
superioridade.
Não.
Dissessem o que dissessem, as
mulheres estavam cada vez mais no poder.
Eles que se cuidem,
pensou, enquanto caminhava para o local de trabalho com um sorriso renovado. Um
sorriso feliz.
Vitória acabava de fazer história.
fim
Ok que ainda mais reviravoltas meu deus, mas ficou muito interessante!
ResponderEliminarParabens a todos os escritores!
Em primeiro lugar parabéns pela ideia Dora e pelas ideias a todos os autores! Efetivamente foi um projeto inovador.
ResponderEliminarAcho que este era o tipo de projeto onde se podia perceber a versatilidade dos autores, exemplo disso foi a abertura da Célia, aquele 48H antes da Lénia, o desenrolar da Íris e a conclusão do Bruno. Tudo o resto parece atabalhoado, sem grande ligação à história. O Bruno fez um óptimo trabalho a concluir, mas existem ali alguns desvarios que foram originados por coisas completamente irrelevantes na história. Ainda assim valeu a pena para conhecer mais destes novos autores.
P.S. Por favor parem de pôr casamento em todo o lado ou vida a dois, hoje em dia podemos ser tão mais que isso!
P.S.2. Afinal a Vitória é agente secreta ou agente da polícia? É que a questão da esquadra deixou-me na dúvida.
P.S.3. Ninguém come cebola confitada num hambúrguer num porto, numa marina ainda acredito que sim.
Desde o início que fiquei muito curiosa com este projecto. Escrever a várias mãos não é fácil e menos ainda com escritores com níveis de experiência diferentes. Senti que neste caso a principal dificuldade foi na construção da personagem principal: o que nos é mostrado ao início é bem diferente do que acaba por se revelar, criando alguma dificuldade no envolvimento.
ResponderEliminarA forma como o Bruno conseguiu atar muitas pontas soltas foi extraordinária.
Parabéns a todos os autores. E obrigada, Dora, por nós teres proporcionado este conto e dado a conhecer novos autores.
Gostei muito do final e da história toda. Ficou mesmo muito boa. O Bruno conseguiu fazer um grande final.
ResponderEliminarParabéns a todos e principalmente à Dora pela Ideia.
Foi muito bom ler este vosso conto...muita reviravolta que nos prendeu do principio ao fim. Parabens a todos e obrigada. Obrigada também à Dora pela excelente ideia.
ResponderEliminarApós várias reviravoltas, um final soberbo. 👏👏👏 Adorei estão todos de parabéns vocês são escritores extraordinários 👌
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarParabéns Bruno que história cheia de reviravoltas, foi um trabalho excelente.
ResponderEliminarParabéns a todos e às Dora pela iniciativa tão criativa. Que venha para o ano a próxima pandilha. Patrícia Barbosa
Tarefa difícil, esta de ser o último. Mas o final da história ficou muito bem entregue. Parabéns Bruno!
ResponderEliminarAdorei a história, foi sempre interessante em todos os capítulos e o desfecho foi surpreendente. Fantástico. Parabéns a todos 😉
ResponderEliminarMuitas reviravoltas. Adorei a história. Foram todos fantásticos e a história está muito bem escrita e é muito boa. Deixa nos presos até ao final. Muitos parabéns a todos.
ResponderEliminarIncrível, incrível, incrível! Uma história fascinante e cativante que nos prende do primeiro ao último capítulo. Parabéns à Dora pela fantástica iniciativa e a todos os autores que tornaram esta história possível. E uns parabéns finais ao Bruno por ter pegado tão bem nesta história e a ter finalizado sem deixar pontas soltas. Fizeram da minha espera para a toma da vacina um tempo muito bem passado, pois fiquei completamente envolvida nesta narrativa. Se pudesse dar estrelas, dava sem sombra de dúvida 5 estrelas ⭐
ResponderEliminarMuitooooo fixe 👏👏👏👏👏
ResponderEliminarAdorei toda a história, achei incrível o final. Parabéns Bruno!
ResponderEliminarJá esperava gostar deste projeto, projetos da Dora são sempre bem sucedidos.
Obrigada Dora e obrigada pandilha!
Grande finalização do conto, com sem pontas soltas.
ResponderEliminarGrande história!
Muito bom!!!!!!!! Parabéns a todos sem exceção. E claro que o final tem todo o estilo do Bruno. 😁😁😁👏👏👏👏👏
ResponderEliminarGenial!!! É como eu descevo o que acabei de ler...nove mentes com imensa criatividade. Muito, mas muito bom. A todos os autores, muito parabéns.
ResponderEliminarQuero mais.
Dora, que excelente ideia esta!!
E o Bruno conseguiu atar todas as pontas soltas, envolver tudo muito bem, com os temperos qb.
Daria, de certeza uma mini-serie com muita qualidade.
Gostei muito do final, o Bruno conseguir juntar as peças do puzzle e dar um fim muito bom! Muitos Parabéns à Dora por esta iniciativa! Espero que se repita! Felicito todos os escritores! Alguns ainda não tive o prazer de ler as suas obras, mas está nos meus planos o fazer. 👏👏👏👏
ResponderEliminarEste final foi de mestre!!
ResponderEliminar“Eles que se cuidem” 💪😂
Gostei da história. Por vezes, os diferentes rumos tornaram-se um pouco confusos, mas eram uma missão muito difícil está de construir uma narrativa com tantos autores diferentes, estando o trabalho de cada um dependente daquilo que tinha sido escrito antes da sua vez. Mas o resultado final ficou muito engraçado! Parabéns a todos! Que desafio tão interessante!!
Parabéns, Bruno!
ResponderEliminarO final está maravilhoso !!!
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Em primeiro lugar, parabéns á Dora por esta ideia fantástica.
Em segundo lugar, parabéns aos escritores que deram rumo a uma história incrível e viciante.
Estou boquiaberta! Parabéns, Bruno! Foste genial a pegar em todas as pontas soltas e a perceber a dinâmica das personagens. O final ficou maravilhoso.
ResponderEliminarE, sem esquecer, muitos parabéns à Dora pela ideia maravilhosa de criar este projecto, que serviu, na minha opinião, para nos dar a conhecer autores portugueses super talentosos e que merecem reconhecimento. Só conhecia 5 (apenas 3 lidos) e agora quero conhecer o trabalho dos restantes. Força! :D
O que dizer... espetacular!
ResponderEliminarO Bruno conseguiu ligar as pontas soltas de uma maneira bem inteligente. A saída "airosa" do Gonçalo foi outra surpresa.👌
Parabéns exelente final.
Uma vez mais parabéns à Dora e a todos os envolvidos neste maravilhoso projeto.
Queremos mais!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMuito bom! 😁😁 Foi uma leitura muito divertida.
ResponderEliminarNão estava à espera de um desfecho assim mas gostei.
ResponderEliminarEste último capítulo apanhou as pontas soltas todas!